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SÃO PAULO – Os sistemas de infraestrutura são a linha de frente na defesa contra inundações, calor, incêndios florestais, furacões e outros desastres naturais. Os planejadores urbanos e os cidadãos geralmente assumem que o que é construído hoje continuará a funcionar frente a esses desastres.

Se o esforço coletivo para conseguir manter o aquecimento global abaixo de 1,5°C de elevação for bem sucedido, as cidades – e a humanidade – estarão mais seguras. O mundo sofrerá menos com os impactos negativos de ocorrências naturais e a adaptação será mais fácil em termos de recursos, ecossistemas, biodiversidade e segurança alimentar.

Isso é o que afirma o relatório especial Global Warming of 1.5 ºC, uma pesquisa do Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). A humanidade ainda precisa aprimorar suas ações concretas a fim de reduzir drasticamente as emissões dos gases de efeito estufa, mas as políticas de prevenção já estão chegando a várias cidades dos Estados Unidos.

Pensar a infraestrutura urbana é prioridade porque rodovias, instalações de tratamento de água e rede elétrica são particularmente vulneráveis às alterações climáticas.

Infraestrutura como defesa

De acordo com reportagem do portal científico Smithsonian, novas abordagens são necessárias para enfrentar os desafios das mudanças climáticas: por causa das alterações do clima, os sistemas naturais estão mudando mais rapidamente do que a infraestrutura.

A publicação defende que é preciso considerar que os perigos atuais podem exceder as tolerâncias de projeto. Foi o que aconteceu na inundação que afligiu Phoenix, no outono de 2014. À época, a chuva mais intensa do que o previsto até aquele momento excedeu as condições de projeto urbano da capital do estado norte-americano do Arizona.

Quando uma cidade é atingida por fenômenos naturais graves, como Phoenix, há menos opções de gerenciamento para emergências, como reencaminhamento de fluxos, seja de água, eletricidade ou mesmo tráfego.

Prós e contras das cidades inteligentes

Pensar em novas formas de organizar as cidades tomando em consideração circunstâncias adversas exige a integração de tecnologias de informação e comunicação – o que, por sua vez, aumenta o risco de ataques cibernéticos. Outras tecnologias emergentes incluem veículos autônomos e drones, bem como energia renovável intermitente e armazenamento de baterias no lugar de sistemas de energia convencionais.

Hoje, no entanto, os paradigmas atuais de design de infraestrutura enfatizam os grandes sistemas centralizados, projetados para durarem décadas. Por outro lado, o clima muda com tanta velocidade que seus efeitos ainda não são compreendidos integralmente; portanto, rapidamente estes sistemas podem se tornar obsoletos.

Dada esta incerteza sobre o futuro, dois aspectos são centrais para um projeto urbano de infraestrutura: agilidade e flexibilidade. Um bom exemplo de multifuncionalidade está instalado em Kuala Lumpur, na Malásia: lá, os túneis de tráfego são capazes de fazer a transição para o manejo de águas pluviais durante eventos intensos de precipitação.

Resiliência para a incerteza

Designers e gerentes de infraestrutura de vários locais dos EUA, incluindo Nova York, Portland, Chicago, Miami e sudeste da Flórida agora são obrigados a planejar o futuro considerando os riscos incertos provocados pelas mudanças climáticas.

Miami desenvolveu um plano de US$ 500 milhões para atualizar a infraestrutura, incluindo a instalação de nova capacidade de bombeamento e o levantamento de estradas para proteger a propriedade à beira-mar em risco.