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SÃO PAULO – Todo o verão a história quase que se repete da mesma maneira. É enchente em São Paulo, desabamento no Rio e inundações em várias partes do Brasil. Pode parecer que é um problema comum a qualquer chuva mais forte, mas as enchentes estão fortemente ligadas à forma como planejamos e cuidamos das cidades.
O fato é que mesmo que existam poucos lugares no planeta onde as enchentes não sejam preocupação – ela ocorre quando há o extravasamento dos rios para suas margens após receber um volume grande de água – , é importante deixar bem claro que a chuva, e muito menos São Pedro, não são os únicos culpados das inundações.
Isso porque embora as enchentes sejam consideradas fenômenos naturais há uma forte relação entre a ocupação humana e a drenagem das cidades. O crescimento das cidades promove mudanças no uso da terra, como desmatamento e eliminação da vegetação, que aumentam os riscos de inundação.
Basicamente, o crescimento desordenado e a falta de planejamento resultam na modificação do escoamento das águas pluviais. Nas cidades superasfaltadas, o volume de água que se infiltra no solo diminui e passa a escoar em maior quantidade para os rios. Temos então as enchentes.
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Isto ocorre porque nas zonas urbanas a chuva não cai sobre o terreno natural mas sim sobre vastas extensões de cimento e asfalto, materiais impermeáveis. Em São Paulo, por exemplo, o problema ainda é pior tendo em vista que vários rios foram canalizados para a construção de ruas e avenidas.

Soma-se ainda o problema de descarte de lixo em locais errado ou coleta de lixo irregular que escoa água abaixo, tampando bueiros e poluindo rios a cada nova chuva.
Mas tem como melhorar?
Existem muitas maneiras de reduzir os riscos de inundações. O primeiro passo é identificar as áreas mais propensas a inundações. Em muitos lugares criam-se parques que podem tolerar inundações ocasionais, sem prejudicar a vida dos moradores. Em casos mais extremos, edifícios e pontes têm sido elevados e protegidos com diques para suportar inundação temporária.
De acordo com o USGS, outro ponto importante é expandir o sistema de drenagem para aumentar a sua capacidade de detenção e transporte de fluxos hídricos elevados, como por exemplo, usar telhados e estacionamentos para armazenar água, além de técnicas que promovem a infiltração e armazenamento de água na coluna do solo.
Há ainda soluções simples, como o que aconteceu em um bairro da cidade americana de Seattle. Lá, as inundações constantes foram reduzidas em 98% com a diminuição da largura da rua e a incorporação de poços de vegetação e plantas nativas. Aumentaram a capacidade de drenagem da água.