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São poucas as microbacias que estão isentas de interferência humana e que, consequentemente, não sofrem com os impactos das atividades da nossa sociedade. Os problemas, contudo, são bastante variados: dependem do tipo de clima, do tipo de vegetação, do tipo de ações humanas e do tipo de comunidade que depende da microbacia.

“Todo o cuidado com as águas começa pela microbacia: é a chave, é o mais importante. Restituir o ciclo natural de águas e garantir estruturas verdes tornam as microbacias mais resilientes aos problemas, inclusive aos eventos mais extremos das mudanças climáticas”, explica Antônio Eduardo Giansante, professor-doutor de engenharia hídrica do Mackenzie.

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O professor Giansante explica que os sinais que indicam problemas nos cursos de rios, riachos ou córregos são bastante distintos em regiões urbanas e rurais.

Nas áreas rurais

Quem mora em áreas rurais deve observar a coloração das águas do curso do rio e o regime de chuvas. “[Quando algo não está certo], quando chove, as águas pluviais lavam o solo e levam barro para o rio. Isso é causado pela falta de vegetação ciliar”, explica Giansante. “Quando há mudança de cor na água mesmo sem chuva, a maior probabilidade é que alguma produção agrícola esteja fazendo irrigação inadequada e também empurrando o barro para o rio”.

Nas áreas urbanas

A população das regiões urbanas também deve observar, além da cor das águas, a presença de resíduos sólidos e o odor. “Caso se opere esgoto no rio, e essa é a cultura nas grandes cidades brasileiras, dá para notar a coloração mais cinza, a quantidade de lixo na superfície da água e o cheiro forte e característico do esgoto”, afirma o professor.

Outra dica, que vale para comunidades rurais mas, principalmente, para as urbanas, é ficar atento à velocidade do curso de água. Se a vazão tem variação mais ampla – ou seja, se a velocidade de seu curso aumenta e diminui bastante -, é sinal de que a vegetação ciliar está fazendo falta. “À medida que microbacias deixam de ser rurais, a urbanização acentuada elimina a vegetação marginal que absorve a água das chuvas”, relata Giansante. A mata ciliar e o solo absorvem até 80% do que chove. Sem eles, a água se infiltra mais rapidamente no curso do rio, escoa com mais velocidade e logo vai embora. A consequência é grave: as cheias são mais fortes (resultando em enchentes) e a seca é mais intensa (gerando crise hídrica na estiagem).

Consequências para a biodiversidade

Nos ecossistemas, há dois grandes elementos dinâmicos para a biodiversidade: o ar e a água. Logo, quando o regime de águas é alterado, afeta todo o equilíbrio da fauna e da flora locais – seja em ambiente terrestre, seja em ambiente aquático. “A relação é direta: os ecossistemas dependem da quantidade de água – e se ficam sem esse elemento dinâmico, reduz a biodiversidade”, afirma Antonio Giansante.

Uma das situações mais extremas é a manutenção de peixes de médio e grande porte nos rios. Quando o corpo hídrico recebe poluição, a concentração de oxigênio na água cai e os animais que precisam deste oxigênio para sobreviver tendem a perder população ou até desaparecer. Giansante relata ter trabalhado com rios que, em pouco tempo, perderam mais de 80% de suas espécies de grandes peixes (de 30 para 5). 

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Participe da PrimaveraX
Microbacias é o tema da edição 2019 da Primavera X. Trata-se de uma gincana nacional em prol do cuidado com as águas e tem o intuito de fomentar o surgimento de equipes comunitárias, lideradas por crianças e jovens, para desenvolverem projetos sobre a preservação de nascentes, riachos, açudes e lagoas. O pontapé inicial da Primavera X este ano será em 21 de setembro, data da divulgação da primeira das seis missões previstas para a gincana; o encerramento está previsto para 28 de outubro, com a realização de mutirões e ações efetivas para a preservação de nossas águas.