Escolha uma Página

Na assinatura do Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab), em 2010, ficou estabelecido que os municípios brasileiros deveriam cumprir as metas de universalização dos serviços de saneamento, como rede de esgoto e água tratada, à população até 2033. Este objetivo, contudo, está longe de ser alcançado, de acordo com pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Atualmente, 35 milhões de brasileiros não têm acesso à rede de fornecimento de quase potável e quase 100 milhões não têm serviço de coleta de esgoto regular – praticamente metade de toda população do país. E de todo esgoto produzido no Brasil, apenas 45% é tratado. 

O resultado é sensível para quem vive nos locais sem saneamento básico. Dos 5,570 municípios brasileiros, 34,7% (1.935) registram epidemias ou endemias relacionadas à deficiência do serviço – por exemplo, diarreias, verminoses, hepatite A, leptospirose e esquistossomose, entre outras. E os moradores destes locais ganham salários 85% menores que a população com acesso a água, coleta e tratamento de esgotos.

“A meta para 2033 não vai ser alcançada, é impossível. Isso gera impacto social na saúde da população. Uma das principais formas de poluição dos corpos hídricos nas áreas urbanas é falta de coleta e tratamento de esgoto”, disse Ilana Figueiredo, especialista em infraestrutura da CNI, em entrevista ao portal G1.

O que o Brasil precisa fazer para chegar perto da meta?

Entre os anos de 2010 (data da assinatura do Plansab) até 2017, o Brasil gastou R$ 1,1 bilhão somente com internações hospitalares por Doenças Relacionadas ao Saneamento Inadequado (DRSAI). Isso representa um custo anual de R$ 140 milhões aos cofres públicos, resultado do não investimento em saneamento básico.

Por outro lado, afirma o estudo da CNI a partir das informações fornecidas pelas companhias privadas de saneamento, que a cada R$ 1 investido, há retorno de R$ 2,50 no setor produtivo, além de melhora na saúde da população. Entre os índices que apresentam melhora estão queda da mortalidade infantil, redução da incidência de doenças como diarreia e vômitos, e diminuição dos gastos com médicos, internações e medicamentos. 

Desde 2010, o investimento anual médio no setor foi de R$ 13,6 bilhões. Para chegar à meta da universalização em 2033 será necessário ampliar em 62% o volume de investimentos, e atingir o patamar de R$ 21,6 bilhões anuais.

“Caso sejam mantidos os níveis recentes de investimento, a universalização dos serviços será atingida apenas após 2050, com cerca de 20 anos de atraso”, alerta a diretora de Relações Institucionais da CNI, Mônica Messenberg.