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SÃO PAULO – Imagine poder modificar uma planta para que ela use 25% menos água aumentando sua produtividade. Foi isso que um estudo conduzido pela Universidade de Illinois em Urbana-Champaign, nos Estados Unidos, conseguiu fazer. Com financiamento da Fundação Bill & Melinda Gates, que pertence ao fundador da Microsoft e à sua mulher, a pesquisa que resultou nesse achado subverteu uma máxima da agricultura. Desde a chamada “revolução verde”, que aumentou a produtividade de espécies como o milho e a soja com tecnologia e pesquisa, se supunha que reduzir as demandas por água dessas plantas era impossível.

Como se fez o ‘impossível’

O experimento que resultou em plantas que consomem apenas três quartos do volume usual de água alterou os níveis da proteína da fotossíntese para obter esse resultado. Os testes foram feitas em plantas de tabaco e a elevação do nível dessa proteína, em especial, forçou o fechamento do estomas da planta – estruturas pelas quais a planta perde água para o ambiente. “Limitando o uso de água, as plantas modificadas cresciam a uma maior velocidade e o rendimento era melhor”, disse Katarzyna Glowacka, coautora da investigação, à agência de notícias espanhola EFE.

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O truque foi garantir que as folhas abrissem os estomas o suficiente para obter dióxido de carbono, fundamental para a produção de energia, mas que essa abertura limitasse a perda de água. A regulação do nível de luz ao qual a planta é exposta foi fundamental no processo de regulagem de abertura dessas estruturas.

O próximo passo da pesquisa é aplicar o conceito em grandes plantações. A redução no consumo de água trará ganhos importantes à agricultura e pode reduzir a pegada hídrica do setor. Hoje, no Brasil, a agricultura consome pouco mais de 70% de toda a água do País.

O experimento também foi apoiado pela Fundação para a Investigação em Alimentação e Agricultura e o pelo Departamento para o Desenvolvimento Internacional do Reino Unido.