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SÃO PAULO – No último dia 8 de janeiro, 33% da chuva esperada para todo o mês na cidade do Rio de Janeiro caiu em 12 horas. As Zonas Norte e Oeste foram as mais atingidas, com prejuízos importantes para o sistema de transportes. Na região do Engenho da Rainha, na Zona Norte, passageiros de um ônibus ficaram mais de cinco horas ilhados dentro do coletivo. Em Curicica, houve quem recorresse a um bote para poder circular pela inundação de mais de um metro de altura. Em Barra Mansa houve transbordamento de rios. Na manhã do dia 9, ainda havia municípios da região metropolitana em estágio de atenção pela elevação do nível dos rios, segundo o G1.

Todos os anos a história se repete: chega o verão e as grandes cidades brasileiras sofrem com chuvas torrenciais que param o transporte, deixam famílias inteiras desabrigadas e geram prejuízos à infraestrutura. Mas essas chuvas volumosas – e as secas – estão ficando cada vez mais comuns e intensas. Chamados de eventos climáticos extremos pela meteorologia, esses fenômenos têm ligação cada vez mais forte com as mudanças climáticas. E o impacto, tanto das chuvas intensas quanto das secas prolongadas, sobre a infraestrutura de saneamento é grande.

Chuvas torrenciais, mudanças climáticas e saneamento

“As mudanças climáticas tornarão obsoletos os atuais projetos de infraestrutura de saneamento”, diz, de maneira direta e taxativa, a introdução do documento “Climate Change and Urban Water Utilities”, publicado pelo Banco Mundial. Segundo o texto, até hoje, o planejamento no setor usou dados históricos para determinar quanto e como os recursos destinados ao saneamento deveriam ser investidos. Com as mudanças climáticas, esses dados históricos perdem valor, já que o que aconteceu no últimos anos não serve de parâmetro para o que está por vir. “Os fluxos máximos e mínimos [de água] serão superados – ou não serão atingidos – como consequência dos eventos climáticos extremos”, antecipa o documento. Ou seja, as secas e as enchentes serão a provação dos sistemas de saneamento.

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Nas secas prolongadas, diz o texto, diminui a quantidade e a qualidade da água, o que sobrecarrega os sistemas de captação e tratamento e pode aumentar os riscos para a população; alteram-se as condições nas matas ciliares, que protegem os corpos de água da erosão; e se reduz a recarga das águas subterrâneas, parte fundamental do ciclo hidrológico e fonte direta do recurso para quem usa poços artesianos. Já nas enchentes, aumentam as chances de mistura entre as águas da rede pluvial e o sistema de esgoto, o que pode aumentar a incidência de doenças transmitidas pela água; e se sobrecarrega as estações de tratamento e a infraestrutura de distribuição, com incremento no número de interrupções e falhas na prestação desses serviços.

Confira o ESPECIAL: Saneamento e mudanças climáticas, publicado pelo Juntos Pela Água em 2017. Vídeo, animação, texto e foto esmiuçam o impacto que a mudança no clima pode ter sobre a infraestrutura de saneamento. Abaixo, confira a animação feita para o especial.