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SÃO PAULO – Cumprir o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável do Milênio número seis (ODS-6), que contempla assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos até 2030, vai exigir cerca de US$ 150 bilhões anuais – o equivalente a cerca de R$ 475 bilhões – dos países que se comprometeram a atingir essa meta. A informação é do relatório “Reducing Inequalities in Water Supply, Sanitation, and Hygiene in the Era of the Sustainable Development Goals”, produzido pelo Banco Mundial e publicado na segunda metade de 2017. A pesquisa levantou dados que permitiram chegar a essa conclusão em 18 países representativos da América Latina, Caribe, África, Europa, Ásia Central, Oriente Médio, Sudeste Asiático e Pacífico. O Brasil não foi um dos países pesquisados, mas, na América Latina e Caribe, Equador, Guatemala, Haiti e Panamá foram investigados.

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“Milhões vivem, hoje, na miséria por não terem acesso a serviços adequados de água e esgoto, uma realidade que atrasa o crescimento na infância e causa doenças debilitantes e recorrentes, como a diarreia”, disse Guangzhe Chen, diretor sênior da iniciativa “Water Global Practice”, que integra o Banco Mundial, por ocasião do lançamento do estudo. “Para dar chances iguais a todos que querem se desenvolver plenamente, mais recursos, direcionados às áreas vulneráveis e sem acesso, são necessários para reduzir lacunas de atendimento e melhorar a qualidade dos serviços de saneamento”, afirmou Chen. “Esse relatório contribui para fechar essas lacunas”.

Saúde, nutrição, saneamento e desenvolvimento infantil

Um importante achado do relatório, que levou dois anos para ser produzido, mostrou, aponta que investir em saneamento sem fazer aportes coordenados em saúde e nutrição compromete parte dos ganhos em redução da mortalidade infantil e dos atrasos de crescimento na infância. Ou seja, investir com inteligência e eficiência, especialmente em locais historicamente mal atendidos por serviços de saneamento, é fundamental para potencializar o retorno sobre os valores empenhados neste tipo de esforço.

O documento também reforçou que, em muitos casos, os desafios associados ao saneamento são mais de implementação das políticas do que a elaboração ou aprovação dessas mesmas políticas. Isso significa que, em muitos casos, leis e provisionamentos existem, mas a execução dessas leis e o uso dos provisionamentos continua como um dos grandes gargalos para a expansão dos serviços.

Confira alguns destaques das estatísticas levantadas pelo estudo

– Na Nigéria (África) mais de 60% da população rural vive a mais de 30 minutos de uma fonte de água adequada

– Na Indonésia (Sudeste Asiático), apenas 5% das águas residuais urbanas é tratada e descartada adequadamente; lá, crianças vivendo os primeiros mil dias de vida em comunidades com defecação a céu aberto registraram chance 11% maior de ter atrasos de crescimento

– Em Bangladesh (Sul Asiático), a bactéria E. coli foi detectada em 80% das fontes de água examinadas, taxa que equivale à observada em lagoas e outros pequenos reservatórios sem qualquer tipo de tratamento

– No Equador (América do Sul), 24% da população rural bebe água contaminada, 21% das crianças têm atrasos de crescimento e 18% estão abaixo do peso adequado para a idade

– No Haiti (Caribe), nos últimos 25 anos, o acesso aos serviços de saneamento em geral está estagnado em 33% e o número de casas com água potável caiu de 15% para 7%

Conheça outros destaques no documento “Key Facts by Country” (em inglês, gratuito).

Confira a íntegra do relatório “Reducing Inequalities in Water Supply, Sanitation, and Hygiene in the Era of the Sustainable Development Goals” (em inglês, gratuito), que traz ainda dados sobre saneamento rural e urbano.

Veja, abaixo, infográfico preparado pelo Banco Mundial que reúne 3 maneiras novas de pensar diferente para garantir água e esgoto de forma segura e sustentável para todos.