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SÃO PAULO – As regiões cobertas por florestas tropicais, tidas como as grandes usinas naturais de fixação do carbono, já produzem mais carbono do que sequestram. A inversão foi detectada por um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Boston e do Centro de Pesquisas Woods Hole, ambas instituições nos Estados Unidos. Segundo o levantamento, hoje, as florestas tropicais produzem 862 milhões de toneladas de carbono e consomem apenas 437 milhões de toneladas anualmente – uma relação de quase dois para um.

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O estudo reuniu dados sobre as florestas tropicais na América, África e Ásia usando satélites, tecnologia laser e medições em campo. Os pesquisadores então usaram uma solução de ‘machine-learning’, uma aplicação da inteligência artificial, para interpretar os dados e estimar, com precisão inédita, os índices de fixação e emissão de carbono por florestas tropicais. Assim, eles chegaram aos números acima, e também conseguiram concluir que cerca de 60% das emissões de carbono vieram das regiões de floresta tropical no continente Americano, 24% da África e 16% da Ásia.

O que explica a inversão

A destruição das florestas tropicais é a principal razão da inversão. Antes tidas como “carbon sinks”, ou “sumidouros de carbono”, com a destruição e incêndio da vegetação, elas passaram a emitir mais carbono do que fixá-lo. “Esse achado mostra que é hora do mundo acordar para as florestas”, disse Alessandro Baccini, que liderou o estudo, ao jornal inglês “The Independent”. “As florestas são a única ‘tecnologia’ de captura e armazenamento de carbono segura, confiável, barata e escalável à disposição”, afirmou. “Então, se quisermos evitar que as temperaturas se elevem a níveis perigosos, temos que reduzir, drasticamente, as emissões e aumentar a habilidade das florestas de absorver e reter carbono”.

Confira a íntegra (em inglês, pago) do estudo intitulado “Tropical forests are a net carbon source based on aboveground measurements of gain and loss”.