Escolha uma Página

SÃO PAULO – Até 2100, se o ritmo de aumento na emissão de poluentes do ar continuar como está, 74% da população mundial ficará exposta a ondas de calor fortes o suficiente para representar risco de morte. Ainda que se reduza, drasticamente, o ritmo de emissão de poluentes atual, até o final do século, 48% da população estará exposta a essas instâncias de clima extremo.

Hoje, 30% da população mundial está exposta às ondas de calor com força para matar. Os dados são de metanálise coordenada pelo professor da Universidade do Havaí, Camilo Mora. “Nossa atitude frente aos desafios ambientais tem sido tão imprudente que hoje sobraram poucas boas opções para o futuro”, disse Mora à revista National Geographic. “Atualmente, nossas opções são ruins ou terríveis”, afirmou.

Leia mais
Brasil é o País mais preocupado do mundo com as mudanças climáticas
A humanidade entrou para uma nova era climática, diz ONU
Assista Seremos História?, o documentário de Leonardo DiCaprio
Dia Mundial do Meio Ambiente: a saída dos EUA do Acordo de Paris e o futuro da águ

Ondas de calor são episódios em que temperatura e umidade elevadas duram mais de três dias. E, por temperatura elevada, entende-se registros que superam os 85% de temperatura média do mês mais quente do ano. São muitos os exemplos da força de devastação das ondas de calor, que desidratam, podem aumentar a temperatura média do corpo e até comprometer o funcionamento dos rins e do coração, além de desestruturar proteínas em casos extremos.

Em 2003, uma onda de calor matou 70 mil pessoas na Europa enquanto em 2010, uma instância de clima extremo parecida matou 10 mil pessoas em Moscou. Em 2016, mais de 60 ondas de calor foram registradas pelo mundo.

As ondas de calor no Brasil

Entre as 783 ondas de calor analisadas em 164 cidades de 36 países, foram estudados episódios de onda de calor especificamente no Brasil. Em Santos, por exemplo, em 2010, foram 32 mortes durante uma única onda de calor.

O estudo prevê, ainda, a quantidade de dias de onda de calor previstos para algumas cidades do País a partir de 2050. São Paulo, por exemplo, poderá ter cinco dias enquanto Cuiabá, no Mato Grosso, região Centro-Oeste do País, 116 dias. Não raro, ondas de calor são sucedidas por instâncias de chuva torrencial, granizo e alagamentos, principalmente em cidades, como aconteceu em São Paulo no começo de 2017.

A íntegra do estudo “Global Risk of Deadly Heat”, publicado pela revista “Nature – Climate Change” na edição de junho, pode ser adquirida em PDF por US$ 32 – o equivalente a cerca de R$ 106.