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Nos próximos dias, a cidade de São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, Paraná, ganhará uma nova usina de geração de energia elétrica. Mas não se trata de uma usina qualquer. A CS Bioenergia vai produzir eletricidade a partir da biodigestão de lodo do esgoto da estação de tratamento Belém, vizinha ao novo empreendimento. A partir de material que, até recentemente, era descartado, a planta produzirá, inicialmente, 2,7 MW de energia elétrica. Com o tempo, a capacidade produtiva de energia deve aumentar para 5,8 MW. É potência suficiente para atender até 8,4 mil pessoas, ou cerca de 2,1 mil unidades consumidoras, segundo estimativas do setor.

“Gerar energia a partir do tratamento do esgoto e de resíduos orgânicos é um modo inteligente e sustentável de reciclar o que é produzido pela atividade humana”, diz Luciano Fedalto, diretor técnico da CS Bioenergia ao Portal Fator Brasil. “Se não seguirmos este caminho, estaremos ‘enterrando energia’ em aterros sanitários e desperdiçando uma fonte de geração limpa, renovável e com enorme potencial para ajudar a diversificar a matriz elétrica brasileira”.

Como transformar lodo em energia

O processo de produção de energia a partir do lodo é relativamente simples. O lodo de esgoto é composto, em parte, por material orgânico. Por meio da chamada biodigestão, ou decomposição de material orgânico por bactérias, gera-se o biogás, normalmente composto por cerca de 60% de gás metano, 35% de dióxido de carbono e 5% de outros gases. O biogás é tratado e então direcionado a geradores que, a partir da combustão desse gás, giram motores que produzem energia elétrica.

No caso da CS Bioenergia, o material orgânico será processado em quatro biodigestores e direcionado a dois motores Jenbacher JCM 420, da GE, com capacidade diária para transformar 20 mil metros cúbicos de combustível em energia. Dos 5,8 MW de energia produzidos por eles, 3 MW serão em energia térmica e 2,8 MW em energia elétrica. Cerca de 0,5 MW serão usados para operar a planta e o resto, passará a alimentar a rede de distribuição.

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Além da biodigestão do lodo, a CS Bioenergia processará, com o mesmo fim, os resíduos de shopping centers, indústrias alimentícias, e restaurantes da região. Até 1,6 mil metros cúbicos de lodo e 300 toneladas de lixo orgânico serão processados todos os dias pela planta, que custou R$ 62 milhões e tem custo operacional mensal de R$ 1,1 milhão.

Embora a biodigestão de lixo orgânico para produção de energia elétrica não seja uma novidade – aterros em Ribeirão Preto (SP), Salvador (BA) e Minas do Leão (RS) já fazem isso – a CS Bioenergia surge como pioneira na aplicação dessa tecnologia para o reaproveitamento de lodo de esgoto. Outras iniciativas parecidas devem surgir pelo Brasil nos próximos anos.