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SÃO PAULO – Ananindeua, cidade da Região Metropolitana de Belém (PA), gastou mais de R$ 19,5 milhões entre os anos de 2007 e 2015 para tratar a saúde de moradores com doenças relacionadas à falta de saneamento. A cidade paraense tem o triste título de pior saneamento dentre as 100 maiores cidades do país, de acordo com o ranking desenvolvido pelo Instituto Trata Brasil. Lá apenas 28% dos seus mais de 500 mil habitantes tem água encanada em casa, e somente 2,9% contam com coleta de esgoto domiciliar.

A relação entre saneamento e saúde é muito forte. Estudos comprovam que a melhoria das condições de saneamento tem papel fundamental na redução de doenças. É possível, inclusive, relacionar o acesso das pessoas aos serviços de água tratada, coleta e tratamento dos esgotos, a indicadores de ‘morbidade’ e ‘mortalidade’ por enfermidades como diarreia, leptospirose além de dengue, zika, chikungunya.

Ananindeua é o caso mais grave de uma relação que se repete em todas as outras cidades do País. Foi o que concluiu estudo do Instituto Trata Brasil, em parceria com a Reinfra Consultoria, que analisou dados de internações, tempo de permanência, óbitos e outros indicadores relacionados a doenças como diarreia, dengue e leptospirose nos 100 maiores municípios do País.

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As 10 piores cidades do Ranking do Saneamento do Trata Brasil registraram 92.338 internações por diarreia contra 22.746 internações das 10 melhores, ou seja, os 10 piores do ranking tiveram cerca de 4,06 vezes mais internações que os 10 melhores. A taxa de internação média por 100 mil habitantes, no período considerado, para os 10 piores foi de 190,0 internações por diarreia/100 mil 9 habitantes, enquanto que para os 10 melhores, 68,9, um valor médio, portanto, 2,7 vezes inferior que nos 10 piores.

Foram mais de 35 mil dias, por ano, de internação nos leitos hospitalares nas 10 piores cidades contra pouco mais de 8 mil dias por ano nas 10 melhores cidades, ou seja, 4,3 vezes menos nas cidades com melhores índices em saneamento.

Na comparação entre a melhor cidade no ranking (Franca/SP) com a pior (Ananindeua/PA), a diferença é absurdamente alta. Franca teve 460 internações por doenças diarreicas entre 2007 e 2015 contra 36.473 em Ananindeua (79 vezes maior).