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SÃO PAULO – A construção do oleoduto Dakota Access, nos Estados Unidos, foi suspensa após meses de protestos. Desde abril deste ano, indígenas da reserva Sioux de Standing Rock, no estado americano de Dakota do Norte, temiam que, devido à proximidade do oleoduto com a reserva, possíveis vazamentos ameaçassem fontes de água potável e danificassem locais onde seus ancestrais foram enterrados.

Por meses, milhares de pessoas ficaram acampadas protestando contra a conclusão da obra até que no dia 4 de dezembro, autoridades suspenderam as obras e anunciaram que vão fazer uma reavaliação do impacto ambiental do oleoduto no abastecimento de água da região.

Manifestantes temem ainda que às obras para conclusão do oleoduto sejam liberadas no próximo ano, pelo presidente eleito Donald Trump. No entanto, um novo incidente reacendeu o debate nesta terça-feira (13). Um vazamento em outro oleoduto derramou até agora cerca de 176 mil galões de petróleo bruto no rio Little Missouri, a 240 quilômetros dos locais dos protestos. De acordo com informações da Associated Press, o derramamento contaminou terras privadas e federais ao longo da via fluvial, mas nenhuma fonte de água potável foi afetada.

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A previsão é que os protestos voltem a crescer e aqui vai um guia para você entender o que está acontecendo em Dakota do Norte.

Washington, USA - November 15, 2016: General Jackson, of the Army Corps of Engineers, speaks to supporters of the Standing Rock movement aiming to stop the Dakota Access pipeline.

General do Corpo de Engenheiros do Exército responde perguntas de manifestantes

O que é?

O projeto do Dakota Access Pipeline, de 3,8 bilhões de dólares, tem o objetivo de transportar petróleo bruto do campo petrolífero Bakken, em Dakota do Norte, para a refinarias perto de Chicago (Illinois). O oleoduto de 1.800 km passa por quatro estados americanos e deve transportar cerca de 470 mil barris de petróleo bruto por dia. O projeto é da empresa Energy Transfer Partners. Para entender melhor onde fica o oleoduto vale a pena ver este mapa.

Qual o problema?
Indígenas da tribo Sioux de Standing Rock temem pela contaminação do abastecimento de água potável e de locais tidos como sagrados. A questão reuniu milhares de pessoas de mais de 100 tribos ameríndias e ambientalistas que foram para a região, na maior concentração do gênero desde a histórica batalha de Little Bighorn, em 1876 – o episódio mais famoso das guerras indígenas ocorridas nos Estados Unidos entre 1778 e 1890.

Existe risco de contaminação?
Desde que a obra foi suspensa, os estudos de impacto ambiental estão sendo refeitos pelas autoridades. Inicialmente, o projeto previa que o oleoduto atravessasse o rio Missouri na altura de Bismarck, capital de Dakota do Norte, porém o risco de contaminação dos mananciais da cidade foi considerado alto pelas autoridades. A solução então foi deslocar o oleoduto 100 km ao sul, perto do lago Oahe, e a 800 m da reserva Standing Rock. Foi quando surgiram os protestos. Os indígenas da tribo Sioux pedem que outra rota alternativa seja traçada.

Um estudo da Universidade de Duke publicado em abril deste ano concluiu que os derramamentos acidentais de águas residuais da produção de petróleo na região causaram contaminação na água e no solo em Dakota do Norte. A região é uma grande produtora de petróleo e vive um boom de produção graças à proliferação da técnica de fracking, subsuperfície do fraturamento hidráulico.


Como está a obra?
Os protestos conseguiram parar a obra que estava 75% pronta. Em 9 de setembro, o governo de Obama ordenou que Corpo de Engenheiros do Exército fizesse uma pausa para revisar a parte mais controversa da obra, próxima à reserva. No dia 2 de novembro, Obama disse que as autoridades estavam buscando maneiras possíveis de redirecionar o projeto. A Energy Transfer Partners, por sua vez, espera a posse de Donald Trump. Eles acreditam que o novo governo poderá aprovar o projeto sem a necessidade de um novo trajeto.