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SÃO PAULO – Uma usina solar que funciona sem sol é como uma hidrelétrica que funciona sem água, ou uma usina termoelétrica que funciona sem combustível – na prática, não deveria existir. Mas existe, sim, e funciona, há mais de seis meses, na cidade de Tonopah, no Nevada, Estados Unidos. A usina de Crescent Dunes, que pertence à Solar Reserve, é a primeira usina solar do mundo a funcionar durante as 24 horas do dia e os sete dias da semana. Segundo contrato firmado entre a Solar Reserve e o Estado de Nevada, durante 25 anos, a Crescent Dunes fornecerá 1 milhão de megawatts por ano à rede – o suficiente para abastecer 75 mil residências dia e noite, faça chuva ou faça sol.

Vita aérea da usina solar Crescent Dunes

Investimento na construção da usina foi de US$ 1 bilhão e lucro médio será de 13,5% durante os 25 anos de contrato (Foto: Solar Reserve / Divulgação)

O salto tecnológico que permite à Crescent Dunes continuar produzindo energia elétrica quando o sol se põe está na substância usada pela usina para absorver e reter o calor solar e gerar energia elétrica. Tradicionalmente, as usinas solares produzem energia elétrica de duas maneiras: com painéis fotovoltaicos, que convertem luz solar diretamente em energia elétrica, ou usando a energia térmica do sol para aquecer água, armazená-la como vapor sob pressão, e usar essa força para fazer girar um gerador de energia elétrica.

Na Crescent Dunes, o modelo usado é o segundo, mas com um passo a mais: em vez de usar o sol para aquecer, diretamente, a água, usa-se o sol para primeiro aquecer um sal derretido, que então é usado para aquecer a água, que, finalmente, como vapor sob pressão, gira um gerador de energia elétrica. Esse passo a mais é o que diferencia a Crescent Dunes de todas as outras usinas solares do mundo e que permite que ela funcione mesmo quando o sol não está brilhando. E a razão é simples: o sal derretido retém o calor solar melhor do que a água – ou seja, ele esfria mais lentamente e acaba funcionando como uma espécie de bateria térmica. Desta forma, mesmo quando o sol se põe, o sal derretido continua quente o suficiente para aquecer água, transformá-la em vapor, e manter os geradores da usina funcionando.

A usina solar 24 horas custou US$ 1 bilhão para ser desenvolvida e construída e funcionará durante seus 25 anos de contrato com margem de lucro média de 13,5% – boa para os padrões da indústria. Duas novas usinas da Solar Reserve que usam algumas das tecnologias desenvolvidas para a Crescent Dunes estão em construção na África do Sul e no Chile.

Veja abaixo vídeo com imagens da construção da Crescent Dunes.