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SÃO PAULO – Não foram poucos os que aproveitaram o Dia Mundial da Água, celebrado na última semana, para comemorar o suposto fim da crise hídrica no Sudeste e, em especial, no Estado de São Paulo. Mas basta observar a situação atual dos principais mananciais da região para entender que não há razão para comemorar.

Levantamento divulgado também no Dia Mundial da Água e conduzido pelo LabGEO da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) e pelo Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS) aponta que mais da metade (54,9%) da área dos sete grandes mananciais que abastecem a chamada macrometrópole paulista apresentam grau de fragilidade ambiental alto ou muito alto do ponto de vista da gestão hídrica.

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Os critérios usados para determinar esse grau de fragilidade ambiental incluem nível de cobertura vegetal na região, relevo, índice de pluviosidade, e tipo de solo e geologia locais, entre outros. Tratam-se de fatores que podem aumentar a erosão nas margens dos corpos de água, por exemplo, e comprometer a qualidade e o volume da substância acumulada.

O estudo revelou ainda que o sistema PCJ, composto pelos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, é, atualmente, o que tem a maior proporção de sua área em alto risco, com 48,2% do total. Para efeito de comparação, o sistema Cantareira, que entrou em colapso durante a crise hídrica nos últimos anos, tem 21,6% de sua área em alto risco. No sistema PCJ, os maiores problemas são a ocupação irregular de áreas de preservação e a propensão natural para a erosão da região.

Esperança

Restaurar as regiões de alto grau de fragilidade hídrica identificadas pelo levantamento do LabGEO e ISD é possível, mas caro. De acordo com o estudo, só nas áreas avaliadas, recuperar 575 mil hectares, ou 24% da área total, e proteger 647 mil hectares, ou 27% do total, custaria entre R$ 1,4 bilhão e R$ 2,4 bilhões.

O trabalho consistiria em plantar 920 mil mudas de plantas regionais e recuperar as matas ciliares. Seria um trabalho lento e com resultados a longo prazo. Mas, em se tratando de um bem tão precioso quanto a água, o esforço e o investimento certamente se justificam.