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SÃO PAULO – O abastecimento no Nordeste enfrenta mais uma dificuldade além da seca. Pequenos moluscos originários da Ásia estão entupindo as tubulações de reservatórios no Rio São Francisco, comprometendo o a distribuição de água potável.

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Proliferação dos animais é rápida por não haver predadores(crédito: CBEIH)

Pesquisadores do Centro de Bioengenharia de Espécies Invasoras de Hidrelétricas (CBEIH) estimam que na área da usina de Sobradinho a população de mexilhão-dourado (Limnoperna fortunei) esteja em 40% do máximo de 200 mil indivíduos por metro quadrado. Normalmente quando atingem esse patamar, os mexilhões param de se reproduzir por falta de alimento.

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O crescimento da população de mexilhões pode comprometer dezenas de tubulações que levam água às cidades de Juazeiro, Remanso e Casa Nova (BA) e a sistemas de irrigação para agricultura de Petrolina (PE).

O perigo é que se repita no São Francisco o que ocorreu no rio Guaíba (RS), em 2000, quando o abastecimento da cidade de Porto Alegre foi afetado por causa do entupimento de tubulações que captam água. Lá, foram necessários dois anos até que a situação fosse normalizada.

Problema que vem de navio
Espécies invasoras são um grande problema ambiental da atualidade. E o mexilhão-dourado tem se mostrado como uma das mais agressivas do mundo. Desde sua chegada na América do Sul, em 1990 – provavelmente por meio da água do lastro de navio originários da Ásia -, o mexilhão-dourado tem se estabelecido em diversas regiões. Em todas elas, a espécie causou graves danos ambientais (alteração dos ecossistemas aquáticos onde é espécie exótica), sociais (alteração na higidez de corpos d’água e qualidade do pescado) e econômicos (maiores gastos com manutenção de equipamentos).

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Mapa mostra presença de mexilhão-dourado em rios na América do Sul(crédito: CBEIH)

Sem predadores na região, a população rapidamente se reproduz e dispersa. Existem populações estabelecidas da foz da bacia da Prata (Argentina) até o Pantanal e Triângulo Mineiro, regiões limítrofes da Bacia do Paraná.

Em 2015, uma equipe do CBEIH confirmou o primeiro registro da espécie na bacia do rio São Francisco, no reservatório de Sobradinho (PE) e no eixo norte do Canal de Transposição do São Francisco. Um ano depois, a população de mexilhões já está próxima de atingir seu número máximo.