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SÃO PAULO – O Espírito Santo vive a pior seca dos últimos 80 anos, segundo a Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh) do estado capixaba. Pela primeira vez na história da Grande Vitória, foi necessário realizar racionamento de água entre 58 bairros. Hoje, cada uma das sete regiões fica um dia inteiro sem abastecimento – e a situação pode levar mais 24 horas para voltar ao normal.

O principal motivo para a crise hídrica do estado é a falta de chuvas, o que deixou o nível do Rio Santa Maria da Vitória e Rio Jucu – os dois mais importantes para garantir água à Grande Vitória – abaixo do que já é considerado crítico. Outros mananciais do estado também sofrem com a seca prolongada. Atualmente, 30 cidades já foram consideradas pelo Ministério da Integração Nacional como em situação de emergência por causa da estiagem.

Onde não teve racionamento

Em meio a um período tão grave, o Espírito Santo tem bons exemplos de gestão dos recursos hídricos. É o caso de Cachoeiro de Itapemirim, o quinto maior município do estado com 206 mil habitantes, que foi um dos poucos onde não faltou água.

A Odebrecht Ambiental, concessionária responsável pelo abastecimento da cidade, explica que foi necessário ficar atento à vazão do Rio Itapemirim através de um acompanhamento diário. Em agosto de 2015, a média da vazão do rio era de 15,7 mil litros por segundo, enquanto este ano foi reduzida 7 mil litros por segundo, ou seja, menos da metade com relação ao mesmo período do ano passado.

 

Rio Itapemirim

Foi preciso ficar alerta à evasão do Rio Itapemirim durante a seca (Foto: Odebrecht Ambiental)

Em quatro anos, foram investidos R$ 65 milhões e construídos 12 novos reservatórios de água, garantindo um aumento de 40% no “estoque”. “Todos os 33 reservatórios do municípios estão funcionando atualmente e são monitorados em tempo real”, informa Bruno Ravaglia, diretor da operação em Cachoeiro.

Outra ação de prevenção é o geofonamento diário nas tubulações que passam por baixo do asfalto, que detecta e filtra ruídos no subsolo em busca de vazamentos e ligações irregulares.

Uso consciente

Através do programa Juntos pela Água, desenvolvido em Cachoeiro de Itapemirim desde fevereiro de 2015, a Odebrecht Ambiental também está investindo em educação ambiental para chamar a atenção da população sobre o consumo inteligente de água.

Em 17 de setembro uma campanha de conscientização começou a ser veiculada em rádios, TVs, jornais, revistas e internet para mostrar que pequenas ações podem trazer grandes resultados para a preservação da água.

Estação de Tratamento de Água cachoeiro de itapemirim

Estação de Tratamento de Água em Cachoeiro; cidade foi uma das poucas onde não faltou água no Estado (Foto: Odebrecht Ambiental)

Fatos curiosos foram reunidos para mostrar como é possível ser sustentável na prática. Uma torneira meio-aberta por 15 minutos na hora de lavar a louça, por exemplo, gasta 243 litros de água. Ao instalar um arejador na torneira da cozinha, a economia é 43%.

Fernando Santos-Reis, que presidiu a Odebrecht Ambiental até o mês passado, defende que as concessionárias de saneamento têm um papel fundamental no processo de educação ambiental da população. “Nossa experiência mostra que as pessoas de fato se mobilizam quando entendem que o uso inteligente da água é uma pauta urgente, de interesse de todos. Cabe às empresas apostar na informação, comunicando seus clientes sobre a real situação do abastecimento e as implicações do desperdício”.