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SÃO PAULO – Há meia década, a Califórnia vive uma seca que vem sendo classificada como “a pior, da região, nos últimos 1200 anos”. Em 2015, a situação ficou tão complicada que o governador chegou a declarar estado de emergência e adotou uma série de drásticas medidas para reduzir o consumo e ampliar, na medida do possível, a oferta do recurso. Para sobreviver à falta d’água, indústrias altamente dependentes do líquido tiveram que inovar. E uma famosa cervejaria e uma vinícola têm mostrado que não só é possível sobreviver à estiagem, como prosperar na crise. Conheça os casos da cervejaria Sierra Nevada e a vinícola Fetzer.

Sierra Nevada
Conhecida nacional e internacionalmente como a terceira maior cervejaria artesanal dos Estados Unidos, a Sierra Nevada, na Califórnia, não podia parar sua produção durante a seca que assolou – e ainda assola – o Estado. Para isso, ela investiu em formas de consumir mais eficientemente o recurso e de reutilizar a água consumida.

Estima-se que, para produzir um litro de cerveja artesanal, se consome, pelo menos, 5 litros de água tratada. A média é calculada a partir da soma do líquido que está, efetivamente, na cerveja e o líquido utilizado nos processos de produção do produto. De cara, ao rever apenas as perdas no processo de produção, a Sierra Nevada conseguiu reduzir o consumo de água para produção de um litro de cerveja para 4.23 litros – mais de 10% abaixo da média da indústria.

Durante a crise, a empresa também passou a reutilizar a água dos processos produtivos para resfriar torres e caldeiras, o que, com o tempo, representará economia anual de até 284 mil litros. Num futuro próximo, a Sierra Nevada ainda espera tratar 100% da água que utiliza e devolvê-la ao manancial de Chico, que hoje a serve de fonte do precioso insumo. Eventualmente, a empresa quer se tornar autosuficiente no que diz respeito à água.

Fetzer Wines
Instalada na região de Mendocino, a vinícola Fetzer conseguiu um feito impressionante durante a seca californiana: ela hoje recicla 100% da água que consome. E mais, essa reciclagem não usa um produto químico sequer, mas sim uma tecnologia biológica que se arvora na força digestiva de trilhões de micróbios e bilhões de minhocas vermelhas, naturais da região. A tecnologia tem ainda mais um benefício – ela requer um sexto da energia elétrica exigida pelos processos tradicionais de reciclagem de água.

A água tratada por esse meio é usada internamente para irrigar jardins e limpar a estrutura produtiva da vinícola. Com essas e outras medidas, como a utilização de um produto de limpeza que requer menos água para higinizar, a empresa tem economizado cerca de 756 mil litros de água por ano.

Como no caso da Sierra Nevada, a seca não teve grande impacto sobre a produção – ou as vendas – da Fetzer. E hoje a cervejaria e a vinícola operam de maneira substancialmente mais eficiente do que antes da seca.