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SÃO PAULO – Cerca de 2,4 bilhões de pessoas não têm acesso a uma solução apropriada de saneamento básico composta por serviços de água e esgoto. Isso equivale a mais de um terço da população mundial, hoje estimada em 7,4 bilhões. A informação é do primeiro relatório de acompanhamento dos 17 “Objetivos de Desenvolvimento Sustentável” (ODS), estabelecidos em 2015 pelos países membros da Organização das Nações Unidas (ONU).

A iniciativa faz parte da “Agenda 2030”, criada para nortear esforços no sentido de melhorar a vida das pessoas, preservar o planeta, e aumentar a prosperidade geral nos próximos 14 anos. Com 169 metas divididas em cinco grandes eixos, os ODS foram erguidos sobre o legado dos “Objetivos de Desenvolvimento do Milênio” (2000-2015) e hoje compõem um dos mais importantes programas da ONU.

Além do impressionante número de pessoas sem acesso aos serviços de saneamento básico, o relatório parcial revela outras informações importantes acerca da oferta e do consumo de água pelo mundo. Por exemplo, dos 2,4 bilhões sem solução plena de saneamento básico, 946 milhões não tem qualquer tipo de serviço – seja de água ou esgoto – e praticam a defecação ao ar livre, o que aumenta exponencialmente a incidência de doenças, principalmente em épocas de chuvas e cheias.

O relatório também ranqueia as regiões do planeta de acordo com os diferentes níveis de estresse hídrico calculado a partir da proporção entre o volume de água retirado para consumo e o volume total de água disponível. Segundo padrões internacionais, a partir de 25% – ou seja, a retirada, para consumo, de 25% de todo volume de água disponível em dada região – já se caracteriza situação de “estresse hídrico”. A região norte do continente africano, líder disparada do ranking negativo, tem índice de retirada de 96% e é seguida pelo oeste asiático, com 54%, o cáucaso e a região central da Ásia, com 50%, e o sul asiático, com 48%. América Latina e Caribe tem índice de 2%.

“É vital que iniciemos a implementação [dos ODS] com um senso de oportunidade e propósito baseado em uma avaliação acurada do mundo em que vivemos agora”, diz o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. Relatórios de acompanhamento como o divulgado recentemente servem, justamente, para fazer essa “avaliação acurada” e serão produzidos, pelo menos, uma vez ao ano. “Não deixar ninguém para trás é um dos princípios da Agenda 2030”, diz Wu Hongbo, subsecretário-geral da ONU para Assuntos Econômicos e Sociais.

O trabalho sendo feito pelo órgão mostra que o compromisso com a agenda do desenvolvimento é real. Mas os desafios colocados são muitos e não se limitam às questões relativas à água. Ainda assim, o programa parece estar caminhando em ritmo parecido com o dos “Objetivos de Desenvolvimento do Milênio”, que se encerrou em 2015 como um dos mais bem sucedidos movimentos de combate à pobreza da história. As perspectivas, portanto, são positivas.

Leia a íntegra (em inglês) do relatório de acompanhamento The Sustainable Development Goals Report – 2016.